Artacho Jurado, o arquiteto proibido.
- Alex Iervolino
- Mar 12, 2019
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Updated: Mar 27, 2019
Filho de imigrantes espanhóis, João Artacho Jurado ganhou destaque nas décadas de 40 e 50 com edificações exageradamente ricas em elementos decorativos e estilos com fachadas modernistas kitsch revestidas de pastilhas coloridas. Artacho como era conhecido, deixou a escola aos 10 anos de idade por imposição do pai, um anarquista radical.

Proprietário da Construtora e Imobiliária Monções S.A. e perseguido pelo Crea - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, João idealizava os prédios e pedia para algum arquiteto assinar as plantas. Mostrou-se na verdade um autodidata que criou o conceito edifício - clube, muito presente nas edificações de hoje com Piscina, terraços e bar na cobertura. Ao privilegiar o conforto, o luxo e os espaços amplos em suas obras, Artacho agradou muito a classe média emergente da época e deixou sua marca na arquitetura paulista.

Suas obras refletiam os sonhos hollywoodianos do pós-guerra em uma mistura de estilos e linguagens: o moderno, o nouveau, o déco e o clássico. Tal riqueza de detalhes e acabamento exagerado, podiam ser compreendidos por sua própria visão de negócios. Dizia ele:
"Você pode ter um terno de segunda, mas se estiver com um bom sapato e uma boa gravata, estará bem vestido. Se você estiver com um terno de primeira e um sapato vagabundo, você nunca estará bem vestido. Um prédio também é assim, o térreo tem que ser diferenciado"

Eternizada pelos hoje famosos edifícios Bretagne, Viadutos, Parque das Hortencias, Planalto, Saint Honore e Cinderela, em São Paulo entre outros, e Verde Mar, em Santos sua obras eram inauguradas em grande estilo com festas sempre frequentadas por artistas famosos e pessoas da sociedade.

Sendo na época chamadas de aberrações com falta de brasilidade, seu legado foi duramente criticado por arquitetos modernistas e profissionais. O reconhecimento arquitetônico de suas obras foi tardio mas significativo, tendo o edifício Bretagne citado pela conceituada revista inglesa Wallpaper como um dos melhores do mundo para se morar.
Artacho morreu em São Paulo em 1983, aos setenta e seis anos de idade, então distante de todo o glamour do meio que freqüentara entre as décadas de 1940 a 1950.
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